segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Por favor... desenha-me um carneiro!



Nesta tarde choveu forte
Chegava ao estacionamento do consultório e uma pequena fila se formara devido a indecisão de um motorista.
Finalmente ele entrou.


Houve tempo de conversar com o manobrista, apanhar a pasta e vestir o jaleco.
Cheguei ao elevador e me deparei com a família que aguardava durante este tempo.
O pai mais distante, o primogênito a seu lado, a mãe de frente a porta e a pequena filha um passo adiante.
Todos penteados, limpos e arrumados.

Resolvi checar, pois já estava em cima da hora.
Foi bom, ainda não haviam chamado o elevador.
Apertei o discreto botão.

Visivelmente perdidos, talvez tentassem se encontrar, embora o fizessem em total silêncio.
Quem destoava era a pequena.
Moreninha com os cachinhos estaticamente desenhados, camisa branca por fora da calça de moleton cinza, e sapatilhas pretas com bolinhas brancas como suas meias.
No colo, um bichinho de pelúcia albino.
Na face, dois olhos curiosos que varriam a redondeza.


A criança não pertencia ao conjunto.
Era pura e inocente naquela situação.
Fiquei desconcertado, encantado e um pouco indignado.


Pensei na clareza, na candura e na felicidade de uma vida sem preconceitos, sem maldade, sem preocupações e com um mínimo de motivação aparente.
Pensei que todos derivamos de um pequeno ser, e que um dia aquela menininha talvez me soasse tal como seu irmão ou seus pais: crescidos, perdidos e sem reflexos.


O que dizer? O que fazer?


Tentei ajudar perguntando a qual andar iriam (coisa que não costumo fazer).

Me responderam com o nome de uma colega médica que eu não conhecia, e também não observei descrito nas informações afixadas no interior do transporte.


Não tive tempo de auxiliar mais, ja era o meu andar!
Coisas de elevador para o que não existe muitas regras.
As portas se fecharam e não vi mais o rosto da pequena curiosa!


quinta-feira, 20 de maio de 2010

22 de abril, descobri além do Brasil!


Já faz algum tempo.
Enfim parei para escrever.
Voltei de uma viagem de dez dias pelos Estados Unidos.
Pouco tempo para conhecer, tempo suficiente para sentir saudades do pequeno

Bom para nós e para ele.
A melhor parte foi a corrida para o abraço no retorno ao aeroporto.

Los Angeles, Santa Mônica, Las Vegas e Nova Iorque.
Como se tivesse entrado num filme, num seriado de TV.
Nas mesmas cores, no mesmo clima.

Hollywood, Rodeo Drive e Bervely Hils.
Pier Santa Mônica, Malibu e Morangos.
Cirque du Soleil - Love, Tubarões, pirâmides, Veneza e Bellagio (no fundo um pouquinho de neve no topo das rochosas que reserva o deserto).
Lion King - Broadway, New Jersey, Soho, Central Park, Museu de História Natural e Times Square.

Não são cenários.

Foi uma experiência fantástica da qual só me arrependi por não tê-la tido antes.

Voltaremos, sem dúvida.
Aproveitaremos ainda mais, as cidades que já visitamos.

Para Los Angeles e Paramus, o desejo de uma casinha para uma vidinha, para o cotidiano.
Para Las Vegas uma semana, para pura farra. Festas, shows, cassinos, compras, drinks e todos os absurdos que esta obra exagerada, emergente do meio do deserto puder oferecer.
Para Nova Iorque uns 15 dias de turismo e alguns meses de sensações.
O Carlyle, o Carneggie, o Metropolitan me aguardam numa nova aventura.
A Broadway, sempre!

Mudei meu conceito.

Capacidade, segurança, qualidade.

segunda-feira, 29 de março de 2010

JORNAL NACIONAL, DIRETO DO ACRE

Em um "Bola da vez",programa da ESPN Brasil, teria contado que...

No início da carreira ao chegar à redação onde pretendia trabalhar, indagaram-lhe sobre o que sabia fazer. Respondeu:
- Não tenho experiência em nada
- Então vai trabalhar com esportes.
Eis a crônica que escreveu antes do último jogo de Zico.

A Ùltima Noite

Maracanã, enfeita de bandeiras tuas arquibancadas que hoje é dia de festa no futebol. Encomenda um céu repleto de estrelas. Convida a lua (de preferência, a lua cheia). Veste roupa de domingo nos teus gandulas. Põe pilha nova no radinho do geraldino. E, por favor, não esquece de regar a grama (de preferência, com água-de-cheiro).

Avisa à multidão que ninguém pode faltar. É despedida do Zico e estou sabendo, de fonte limpa, que, hoje à noite, ele vai repartir conosco a bela coleção de gols que fez nos seus vinte anos de Maracanã. Eu até já escolhi o meu: quero aquela obra-prima, o segundo gol do Brasil contra o Paraguai nas Eliminatórias do Mundial de 1986. Lembro-me como se fosse hoje. Zico recebe de Leandro um passe de meia distância já na linha média dos paraguaios. Um efeito imprevisto retarda a bola uma fração de segundo. Zico vai passar batido - pensei. Pois sim. Sem a mais leve hesitação, sem sequer baixar os olhos, ele cata a bola lá atrás com o peito do pé, dá dois passos e, na mesma cadência, acerta o canto esquerdo do goleiro paraguaio.

Passei uma semana vendo e revendo no teipe aquele instante mágico de um corpo em harmonioso movimento com o tempo e com o espaço. E a bola, coladinha no pé, parecia amarrada no cadarço da chuteira. Um gol de enciclopédia.

Se o amável leitor aceita uma sugestão, dou-lhe esta: escolha um dos gols que Zico fez graças à sua arte singular de chutar bola parada. Chutar a bola de falta à entrada da área é um talento que Deus lhe deu mas não de mão beijada, como imaginam os desavisados. Zico trabalhou seriamente, anos e anos, para alcançar a perfeição dos efeitos sublimes. À tardinha, quando terminava o treino, ele costumava ficar sozinho no campo do Flamengo - ele, uma barreira artificial, uma bola e uma camisa caprichosamente pendurada no canto superior das traves. A camisa era o alvo. Zico passava horas sem fim, chutando rente à barreira e derrubando a camisa lá de cima das traves. Chegava o domingo, na cobrança da falta, a bola já estava cansada de saber onde ela tinha que entrar. Não tenho dúvida em dizer que tardará muito até que apareça alguém que domine como Zico o dom de cobrar falta ali da meia-lua.

Celebremos, querido torcedor, a última noite do maior artilheiro da história do Maracanã. Será uma despedida de apertar o coração. Se te der vontade de chorar, chora. Chora sem procurar esconder a pureza da tua emoção. Basta uma lágrima de amor para imortalizar o futebol de um supercraque.

Cantemos, Maracanã, teu filho ilustre, relembrando em comunhão os dribles mais vistosos, os passes mais ditosos, os gols mais luminosos desse fidalgo dos estádios que tem uma vida cheia de multidões. Louvemos o poeta Zico que jogava futebol como se a bola fosse uma rosa entreaberta a seus pés.

Armando Nogueira - 1927 - 2010.

segunda-feira, 22 de março de 2010

IPPON!!!

Zorba, um homem rude, perguntou ao seu patrão, homem culto:

"O que seus livros falam sobre a vida após a morte?"
"Os livros não tem resposta!"
"Então seus livros não servem para nada".

E o Google????

"Não pode saciar a fome quem lambe pão Pintado!" (S.A)

quarta-feira, 17 de março de 2010

VOCÊ PRECISA ALTERAR SUA SENHA

Meses se passaram.
Aconteci e não registrei.
Deste blog faço um diário quase particular.
Para sentir.

Começo de onde parei.
No natal, quando soube que seria pai pela segunda vez.
Estou pronto!
Este é o grande registro.

Trabalho com mais prazer, tentando não me fazer prisioneiro do tempo.
Trabalho mais!
Motivado por Osler, intrigado por Osler e pelo Religio Médici.

Fui à São Paulo, cidade menos suja, das livrarias, dos shows, dos restaurantes.
Vou às "compras", às luzes, ao Metropolitan.

Amadureço na profissão, graças aos pacientes difícieis, aos mais jovens do que eu, às propostas.

Sou livre.
Para sentir o frescor da manhã, a beleza do entardecer, o gosto da água fria ao estar com sede.
Livre para ler e refletir.
Para ouvir e me emocionar.
Para escolher e escolher novamente!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Finzinho de Capítulo

Hoje houve festa de famílias.
Felipe jogou muita bola, motivado pelo seu novo uniforme.
Somos felizes.
Amigos dividem seus prazeres.
Conheci a Lumen e a Sintonia Fina.

Modernismo

Em 1941 a garota Margaret O´Brien tinha 4 anos e foi descoberta pela MGM.
Não sabia ler mas era genial na expressão facial.
O diretor Vincent Minelli lhe perguntou se ela conseguia chorar.
Ela lhe respondeu perguntando se o diretor gostaria que ela chorasse com os dois ou com um só dos olhos. Se somente com um, com qual deles ele preferiria e ainda disse que poderia equilibrar a lágrima sobre a pálpebra.
O resultado está no filme "Meet me in Saint Louis (Agora Seremos Felizes)" de 1944 com Juddy Garland e a menina prodígia no papel de Tootie Smith.
Existe agora um computador que simula para a câmera os movimentos dos músculos e nervos sob a pele.
A magia desses efeitos é efêmera. Pouco depois de nos encantar no cinema esses efeitos começam a aparecer em qualquer comercial de batata frita ou remédio para brotoeja.

* Trechos extraídos da coluna de Ruy Castro - Viva a Tecnologia