terça-feira, 23 de junho de 2009

"SUS" do Latim

Pandemia se refere à disseminação do vírus pelos diversos países, não à gravidade da doença - a mortalidade tem sido em média 0,4%.

Tudo foi feito para conter essa epidemia nos momentos iniciais? Por incrível que pareça, governantes podem esconder os primeiros casos de doenças contagiosas para evitar preconceitos e perdas econômicas!

Cidade do México, 7 de abril. Os serviços de saúde detectaram a existência de pneumonias graves associadas a quadros gripais em adultos jovens, faixa etária que não costuma ter complicações de gripe.

Imediatamente os mexicanos começaram a colher dados e acompanhar a evolução do surto. Como o país não dispunha de tecnologia necessária para identificar o novo vírus, foram enviadas diversas amostras ao Center for Disease Control and Prevention (EUA) e Public Health Agency (Canadá).

Em 23 de abril, apenas 16 dias após identificado o surto, canadenses e americanos confirmaram que se tratava de um novo vírus, o A (H1N1), de origem suína.

"Os Mexicanos fizeram todo o possível dentro de uma situação impossível" - Ira Longini, epidemiologista da Universidade de Washington.

É praticamente impossível para qualquer país conter um surto epidêmico de um novo vírus de gripe. Os americanos identificaram o vírus antes, porém não conseguiram contê-lo!

Jamais uma epidemia foi monitorizada em tempo real como esta.

Em poucos dias os genes do vírus haviam sido sequenciados e colocados à disposição da comunidade científica através do "GenBank". Ficou claro que 1/3 deles veio do vírus da gripe suína da América do Norte, 1/3 da gripe aviária também norte- americana e o terço restante da gripe suína típica dos países europeus e asiáticos.

O que facilita a transmissão e a disseminação entre os homens ainda é uma incógnita.

Especula-se na infecção de um porco em Veracruz, México. Também se supõe que o primeiro animal infectado foi comercializado na ásia e migrou para os EUA.

Em 2 de maio foi anunciado no Canadá a primeira infecção pelo H1N1 em porcos que nunca haviam saído do país (2200 animais, 10% foi infectado).

Há ainda a suspeita de um marceneiro que tinha viajado para o México e trabalhado na pocilga em um dia que se sentia adoentado. Se confirmado, seria o único caso na literatura de um vírus transmitido do porco para o homem que mais tarde percorre o caminho inverso.

O que acontecerá?

Ninguém sabe.

A chegada do verão no hemisfério norte provavelmente diminuirá a velocidade de propagação, mas existe a possibilidade de seu retorno no outono. Para nós que vivemos no sul o pior virá agora, com o inverno.

O perigo mais temido é o de que depois desse ataque inicial, o vírus sofra mutações que o tornem mais letal, como ocorreu com a gripe espanhola. Essas mutações, no entanto, ainda não ocorreram: as amostras virais colhidas nos quatro cantos do mundo são portadoras de genes idênticos.

Surgirão cepas mutantes mais agressivas? Como saber?

A evolução das espécies é sobretudo imprevisível, como ensinou Charles Darwin.

(D.V) FSP 20.6.2009

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