Nova estrela Global Por Tostão (coluna jornalística de hoje)
A realidade é, às vezes, dura. Mais fácil é negá-la ou distorcê-la. O ser humano adora se enganar. No futebol, mais ainda.
Se Fred jogar no Fluminense como fez no Cruzeiro, estará entre os melhores centroavantes que atuam no Brasil, mesmo não sendo um craque. É um fazedor de gols. Isso é uma coisa. Outra é dizer que ele não teve chances no Lyon. Teve muitas e não conseguiu ser titular. Fracassou.
O Botafogo, com uma equipe modesta, armou um bom conjunto. Ney Franco sabe fazer isso. O time ganhou o primeiro turno, a Taça Guanabara, e comemorou como se fosse um grande título, como é tradição no Rio. Isso é um fato. Outro é dizer que a vitória foi consequência de um grande planejamento. Além de seus méritos, o Botafogo venceu porque os grandes estavam mal e os pequenos são muito ruins. Com o atual time, o Botafogo não tem chance de ficar entre os quatro primeiros no Brasileirão.
Para um atleta ser contratado por uma equipe mais forte e de mais tradição, ele necessita jogar bem. Isso parece óbvio. No futebol, nem tanto. Vi o lateral e zagueiro Marcão atuar dezenas de vezes pelo Atlético-PR e pelo Inter e a única qualidade técnica que mostrou foi fazer alguns gols de cabeça em jogadas de bola parada. Mesmo assim, foi contratado como um grande reforço para o Palmeiras.
Quando vejo Marcão jogar, lembro do argentino Heinze, pelo porte físico, pelas mesmas posições em que jogam, pelas boas jogadas aéreas e pela falta de talento. Mesmo assim, o lateral Marcelo, titular do Brasil, é seu reserva no Real Madrid.
Bastou o Palmeiras ser líder do Paulistão e ganhar de fracos adversários – o Santos também estava mal –, para Luxemburgo voltar a ser um mago, para compararem o time atual com os grandes da história do clube e para pedirem Keirrison na equipe titular da Seleção. Hoje, há outros atacantes na sua frente. A ilusão terminou após duas derrotas seguidas na Libertadores e o empate contra o Corinthians. O time do Palmeiras é apenas bom, comum e igual a muitas outras equipes brasileiras.
Não foi surpresa a belíssima atuação de Ronaldo. Sempre que ele entrar em campo, gordo ou não, fora de forma ou não, poderá realizar alguns lances excepcionais. No Milan, ele teve também alguns ótimos momentos.
Isso é uma coisa. Surpresa será ver Ronaldo jogando bem, com regularidade, muitas partidas seguidas e sem contusões. Isso não acontece há muito tempo. Tomara que consiga. Sua recuperação física realizada no Brasil é um fator positivo. Nisso, estamos à frente dos europeus. Já em outras questões científicas, humanas e sociais, estamos muito atrás. O Brasil é o país dos contrastes.
Quando terminou o jogo, Ronaldo não quis falar no gramado. Mas foi só aparecer o repórter da Globo para ele dar entrevista, fora as inúmeras exclusivas que tem concedido à emissora. É a nova estrela global. Muitos jogadores e treinadores famosos fazem o mesmo. Em uma Copa do Mundo, essa preferência atinge níveis absurdos. Esse comportamento dos atletas e treinadores é um desrespeito com outros jornalistas.
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