sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Insanidades Cotidianas I

Paulo detestava tomar multas, porém sempre estacionava e não preenchia o cartão. Na maioria das vezes se dava bem, o que o estimulava a persisitir.
Então, foi multado, e percebeu no exato momento. Largou o que estava fazendo e se dirigiu para o local com a intenção de evitar o prejuízo. Que desculpa utilizar?
- Faz menos de quinze minutos que estou parado aqui.
- Sim - concordou o agente de trânsito
- Eu tenho cartões no carro, veja.
- Deveria tê-lo preenchido antes.
- A placa da zona de estacionamento está obstruída pelos tapumes daquela construção.
- O senhor deve fazer uma reclamação por escrito diretamente no serviço de trânsito.
- Quanto é?
- São R$8,00 e o senhor ganha um cartão com 10 folhas para permanência de meia hora.
Paulo puxa a nota mais alta da carteira para dificultar o troco, como uma tentativa de aborrecer a pobre fiscal. Sem problemas:
- São R$42,00, seu troco. Obrigado!
- Rrrr...brgado.

***
É de manhã cedo e Paulo recebe mais uma multa.
Como da última vez, há cerca de 2 meses, observa a fiscal. Chega antes do término do preenchimento:
- Bom dia!
- Bom dia!
Persiste observando a jovem por uns 10 segundos que também não tolera o silêncio:
- Esse carro é seu?
- Sim.
- São R$ 8,00 com direito a um bloco com 10 folhas para 30 minutos de permanência cada!
- Perfeitamente. Aqui está! - Oferece um nota de R$ 50,00 e reitera - Fique com o troco.
- Não senhor, não...
- Para comprar umas balas, tomar um café, o que for!
- Mas eu não posso!
- Passe bem. - A jovem guardou o troco em sua pochete e fez um pequeno relatório do que se passou.
Paulo começava a demonstrar sinais de insanidade.

***

É meio-dia e Paulo vai pagar uma conta no banco. É inseguro quanto ao uso da internet, mas muito experiente no caixa eletrônico. Passa rapidamente pela fila e paga cinco contas em menos de 5 minutos. Um recorde. Ao chegar ao carro se depara com uma mulher de uns 40 anos que, uniformizada, anotava sua placa na multa.
A vaga que havia conquistado com tanto zelo e a rapidez com que passou no banco àquela hora do dia se misturavam a raiva e angústia por ter esquecido de preencher o tal cartão. Ou melhor, por não tê-lo preenchido. Ao se aproximar da fiscal.... ficou louco.
- O senhor é o dono deste carro?
- Aaaabbbbaaaa. GRuiiinnnnn.
- ?
Um silêncio breve, a jovem senhora ficou um pouco tensa, continuo preenchendo o cartão e o colocou no para-brisa logo se retirando do local. Paulo que neste momento babava, aparentemente catatônico ao lado do carro, retirou a multa, a rasgou e a engoliu. Entrou no carro e foi embora. A fiscal agora multava dois carros mais a frente.

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